De volta aos idos do Império
Petrópolis, Teresópolis e redondezas concentram atrações históricas do país, em meio a belas montanhas
BRASIL, Serra Fluminense - RJ
Autor: Luiz Maciel
Foto: Serra Fluminense (Foto: Revista Unquiet)
22/07/2022
A Serra Fluminense é daqueles lugares plurais, que reúnem mais atrações do que muitos países.
Por isso mesmo atrai todo tipo de visitante. Casais em lua-de-mel e trekkers dispostos a cruzar a serra dos Órgãos. Famílias que querem mostrar aos filhos as relíquias do período imperial e viajantes a fim de explorar a serra Fluminense como um todo, rodando de uma cidade a outra e se enveredando por caminhos alternativos que passam por uma banca de produtos naturais aqui, uma cachoeira ali, um restaurante bacana acolá. Em qualquer caso, é preciso ter um carro à mão para chegar e circular. Com um Mitsubishi 4×4, que não escolhe caminho, tanto melhor.
Há um rosário de cidades espalhadas pela serra Fluminense, mas o triângulo formado por Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo é mais que suficiente para preencher uma semana – ou até um mês – de viagem. Juntos, os três municípios somam 2.500 quilômetros quadrados e quase 700 mil habitantes.
O epicentro da serra Fluminense é Petrópolis, de 300 mil moradores, que está a 838 metros de altitude e fica a 68 quilômetros do Rio de Janeiro e a 450 quilômetros de São Paulo. É para lá que o imperador Pedro 2º fugia do abafado calor carioca – o antigo palácio de verão continua de pé, imponente, hoje transformado no Museu Imperial, que guarda o maior acervo de móveis, joias e documentos do Segundo Reinado. Perambular pelo museu – de pantufas, para preservar o assoalho centenário – é como assistir a uma agradável aula de história, sem decoreba ou prova oral.
Além desse museu, há outras atrações culturais interessantes em Petrópolis, como o Palácio de Cristal (a estufa mais chique do país, presente do conde d’Eu à princesa Isabel) e a Casa de Santos-Dumont (na qual o aviador projetou um chuveiro de água aquecida a álcool, revolucionário na sua época, e uma escada onde a subida só podia ser iniciada com o pé direito, entre outras invencionices).
Outra peculiaridade de Petrópolis é ser um grande centro cervejeiro. A antiga fábrica de 1853 da cerveja Bohemia, a primeira a ser produzida no Brasil, virou um museu, no qual os visitantes acompanham a história da bebida em tours guiados que incluem até quatro degustações. Tem até restaurante lá dentro para quem quiser esticar a experiência. Gostaria de ir além e conhecer uma moderna cervejaria em plena atividade? É só rumar para a fábrica da cerveja Petrópolis, aberta a visitas.
Petrópolis divide com a vizinha Teresópolis (a 55 quilômetros), os acessos ao parque nacional da serra dos Órgãos, onde fica o famoso pico Dedo de Deus, com 1.692 metros de altura. A entrada por Teresópolis leva às melhores trilhas do parque, inclusive a uma totalmente suspensa, que serpenteia no meio das árvores e tem 1.300 metros de extensão – adivinhou: é a mais procurada.
Teresópolis também se destaca pelas românticas pousadas penduradas nas montanhas e por uma curiosa raridade gastronômica: tem o melhor restaurante russo do país, o Dona Irene. Inaugurado em 1964 por imigrantes siberianos, hoje é comandado por um casal brasileiro, mas mantém à risca o cardápio original, inspirado nos banquetes dos czares – arenque defumado, borscht (sopa de beterraba), frango à Kiev (recheado de manteiga e empanado), varênike (pastel com recheio de batata e ervas) e uma profusão de entradas frias e sobremesas bem calóricas.
Menos badalada que suas vizinhas, Nova Friburgo não foge à regra: tem atrações bem variadas. Para quem tem aventura nas veias, a subida aos pontos culminantes do parque estadual dos Três Picos é um belo desafio – o pico Maior, a 2.316 metros, é reservado aos montanhistas mais experientes; os outros dois, um pouco menores, só exigem bom fôlego e determinação. Quem pisou no topo de qualquer deles garante que a vista é fantástica.
Programinha mais leve – e saboroso – é a queijaria Suíça, que produz queijos de vários tipos, a maioria deles a partir de leite de cabra, e recentemente passou a fazer também chocolates. É a melhor herança deixada na cidade pelos imigrantes suíços que a fundaram em 1819.
O melhor período para visitar a serra Fluminense é na estação seca, de março a outubro – nos últimos anos a região tem sido castigada por chuvas torrenciais no verão. Leve em conta também que no mês de julho e nos fins de semana os acessos às cidades serranas costumam ficar congestionados.
- As trilhas do parque nacional da serra dos Órgãos, especialmente as que ficam mais próximas da entrada por Teresópolis. Se quiser mais aventura, faça a travessia da serra (30 quilômetros, em três dias) na companhia de um guia (consulte o site parnado.tur.br para saber quais os guias disponíveis). Outro desafio é subir as montanhas do parque estadual dos Três Picos, em Nova Friburgo.
- A aula de história no museu Imperial (museuimperial.museus.gov.br), em Petrópolis, que guarda relíquias como o cetro da sagração de D. Pedro I e a coroa de D. Pedro 2º.
- A atmosfera de luxo que ainda sobrevive no palácio Quitandinha, em Petrópolis, que nos anos 1940 foi o mais glamuroso hotel-cassino do Brasil.
- A arquitetura peculiar da Casa de Santos-Dumont, em Petrópolis.
- O mergulho na história da cerveja no museu Bohemia e na cervejaria Petrópolis
- Os queijos e chocolates da queijaria Suíça, em Nova Friburgo.
O Bomtempo Resort, em Petrópolis, tem boa estrutura de lazer, com monitores para a criançada e várias quadras de tênis para os adultos.
CONHEÇA O BOMTEMPO RESORTNuma área de mata atlântica preservada, com esplêndida vista para o Vale do Cuiabá, em Itaipava, distrito de Petrópolis, o quinta da Paz é indicado a casais em busca de relaxamento e boa comida – tem três restaurantes e uma adega com 1.500 garrafas de vinho.
CONHEÇA O QUINTA DA PAZO Rosa dos Ventos, em Teresópolis, é outro endereço de bom gosto, que conforto e boa oferta de lazer. Seu restaurante principal, o Zermatt, combina pratos brasileiros e franceses e tem uma ampla área envidraçada com vista para as montanhas.
CONHEÇA O ROSA DOS VENTOSNo Village Le Canton, em Teresópolis, o destaque são as muitas opções de lazer, de parque aquático a boliche, de patinação a arvorismo. Para famílias cheias de energia.
CONHEÇA O VILLAGE LE CANTONEm Nova Friburgo, a pedida é o Akaskay, também com estrutura para receber pessoas de todas as idades. O ruído do riacho que corta o hotel ajuda a embalar o sono.
CONHEÇA O AKASKAYO Dona Irene, em Teresópolis, vale a visita não só pela ótima qualidade da comida, mas também pelo cardápio exótico – é difícil encontrar outro igual no país. Ligue antes para reservar não só o horário como os pratos que quiser degustar.
CONHEÇA O DONA IRENENo Burrata Empório e Bistrô, em Teresópolis, o forte são os pratos de inspiração italiana. A burrata com lascas de presunto parma é imbatível como entrada. A polenta mole com ragu de linguiça de pernil e shitake é outro clássico.
CONHEÇA O BURRATAUm endereço certeiro para a happy hour ou jantar é a Brassaria Matriz, em Corrêas, distrito de Petrópolis. Serve carnes nobres, pizzas e cervejas especiais, a começar das produzidas na casa. Além disso, tem uma localização privilegiada, à beira de um riacho.
CONHEÇA A BRASSARIA MATRIZEm Nova Friburgo, o Crescente Gastronomia tem cardápio variado, incluindo bons pratos franceses, e adega com 200 rótulos. É o melhor da cidade.
CONHEÇA O CRESCENTEVocê também pode se interessar por: Serra do Rio do Rastro-SC