Desvendando a mística Pirenópolis
A pequena cidade goiana tem ótima infraestrutura turística e farto calendário cultural
BRASIL, Pirenópolis-GO
Autor: Walterson Sardenberg Sº
Foto: Pirenópolis (Foto: iStock)
02/02/2021
A sorte bateu na porta de Pirenópolis pelo menos três vezes. Primeiro em 1727, quando os bandeirantes chegaram a essa região do Centro-Oeste – a 125 quilômetros de Goiânia e a 182 de Brasília – e toparam com ouro. Data daquela época parte do casario da cidade, que foi tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico) em 1988. Infelizmente, as dificuldades de escoamento do metal e o esgotamento dos veios auríferos tornaram aquela fase efêmera.
Já na segunda metade do século seguinte, o engenheiro belga Louis Crulz se viu incumbido por Dom Pedro 2º de encontrar o lugar ideal para fincar a capital do país. Era uma segunda chance. Não vingou. De duradouro, sobrou apenas o nome do lugar. O batismo se deve por Pirenópolis estar incrustada em meio à serra dos Pirineus – que alguém julgou semelhante às montanhas que separam a Espanha da França.
A terceira oportunidade começou, a rigor, nos anos 1960, depois da inauguração de Brasília, quando passou a atrair mais visitantes. Mas foi a turma da contracultura que fincou raízes por lá e acelerou o crescimento, já nas duas décadas seguintes. Assim como o belga Crulz, muitos esotéricos, por motivos de outra ordem, traziam uma certeza: ali era o lugar ideal. Daí o surgimento de comunidades místicas como FraterUnidade e Fadalândia. A região congrega dezenas delas.
Já nos anos 1990, o turismo organizado era um fato concreto e muito mais, digamos, pé no chão. Pirenópolis, enfim, descobriu que tinha tudo para se vender como destino de viagem. Alguns desses predicados, além do casario colonial: boa cozinha, montanhismo, trilhas, arborismo, rafting, boia-cross e artesanato. Sobretudo, cachoeiras. Há mais de 100 delas, algumas de acesso facílimo.
Para não perder a terceira chance, que chegara de bandeja, a cidadezinha de apenas 25 mil moradores, empenhou-se em bancar uma infraestrutura de pousadas e restaurantes acolhedores. Mais: criou um CAT (Centro de Atendimento ao Turista) que funciona pra valer: um na entrada da cidade, o outro em um posto do Centro Histórico.
Para garantir o fluxo de visitantes ao longo do ano inteiro, a esperta Pirenópolis, conhecida pelos admiradores por “Píri”, tratou de bolar um gordo calendário de eventos. Ele abrange das festas das Cavalhadas (40 dias após o domingo de Páscoa) ao festival de cervejas artesanais Piribier. Oferece, ainda, a música do Píri Music Festival e as comidinhas do Circuito Gastronômico Goiás. Ou seja: em qualquer época do ano, a Rua do Lazer, epicentro dos bares, restaurantes e da agitação, está sempre animada. Sobretudo de noite.
Durante o dia, o programa é aproveitar ao máximo a natureza. Contrate um guia credenciado para percorrer o parque estadual dos Pirineus, criado em 1987. Sem guia é complicado percorrer a trilha de 5 quilômetros, de nível médio, que passa pelas cachoeiras do Garganta e do Coqueiro e leva ao Pico do Ventilador (1.150 metros). Dali segue para o Pico dos Pirineus (1.385 metros) e termina da melhor forma possível, nos Pocinhos do Sonrisal – uma sequência de reconfortantes piscinas naturais.
Para as crianças, prefira o Santuário de Vida Silvestre Vagafogo, a 6 quilômetros do Centro. Foi a primeira RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) de Goiás. São trilhas bem acessíveis em meio à flora típica do cerrado, entre cachoeira e piscinas naturais. Conta ainda com arborismo, rapel e, nos fins de semana, com um restaurante que serve pratos típicos da região.
Dá para provar boa comida goiana, feita em fogão de lenha, no Pillares. Funciona como um day-use. O restaurante fica à beira de uma gostosa praia de rio. Tem trilhas e piscina. Dá para passar uma tarde inteira, no maior sossego.
Já a Venda do Bento cultiva um cardápio mais eclético: galinha caipira, carne de sol da chapa com queijo coalho, camarões na moranga. A venda fica numa antiga sede de fazenda, com pé-direito bastante alto. Tem redário, para um cochilo pós-refeição, e, ainda, um pequeno museu que conta a história da cidade.
Não admira, também, que um dos melhores restaurantes da cidade seja um italiano. O Calliandra acena com a facilidade de ficar no Centro. Tem carta de vinhos para lá de razoável.
A despeito do restaurante, uma boa sobremesa você encontra no tradicional Sorvetes Naturais. Resta escolher entre mais de 100 sabores. Os sorvetes são produzidos artesanalmente, sem gordura hidrogenada. E, aqui sim, prova-se o genuíno gosto do cerrado, de frutas como murici, baru, buriti e pequi.
Para quem sai de Brasília (DF) e quer aproveitar um fora-de-estrada total, é possível seguir para Pirenópolis em estrada de terra. Melhor vir entre maio e setembro, quando há menos chuvas. O caminho começa em Brazlândia, no Distrito Federal. Pare em em Edilândia e Cocalzinho. Com tranquilidade e com as tecnologias presentes no seu Mitsubishi, como o Off Road Mode, você otimiza a performance do seu 4x4 e pode fazer o trajeto em menos de 4 horas.
Parque Estadual dos Pirineus (pirenopolis.go.gov.br). O local é um dos divisores das Bacias Tocantins e Paraná. Vários córregos nascem no alto da Serra dos Pireneus, formando o Rio das Almas e o Rio Corumbá, que além da importância ecológica, abastecem diversas comunidades da região. Tem como objetivo de preservar a fauna, a flora e os mananciais ali existentes, protegendo sítios naturais de excepcional beleza e assegurando condições de bem-estar público.
Santuário de Vida Silvestre Vagafogo (www.vagafogo.com.br). O Santuário de Vida Silvestre Vagafogo é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, criada em 1990 para promover a educação ambiental, o ecoturismo e a produção sustentável de alimentos. A reserva possui uma linda e acessível trilha interpretativa de 1.500m, onde as inúmeras árvores centenárias e a mata ciliar que margeia o Rio Vagafogo. Possibilita a interação com a fauna, flora e a observação de pássaros.
Divina Pousada (divinapousada.com.br). Apenas 11 acomodações com arquitetura colonial, equipamentos modernos e atualizados, águas aquecidas com energia solar, camas king, roupas de camas Trussardi, TV LCD, ar split, frigobar silencioso, todo o conforto da sua casa você vai encontrar por lá!
Dádiva Hotel (dadivahotel.com.br). Em um elegante Casarão azul, datado de 1756, registrou histórias incríveis da época do ouro no período de exploração. O casarão manteve traços e o charme do período colonial, entre outros a preciosidade de Pirenópolis.
Venda do Bento – Rodovia GO 338, km 4, s/n, zona rural, (61) 99217-3703.
Restaurante Calliandra – Rua JK, 13, Centro Histórico, (62) 99340-6166.
Pillares (Day Use com restaurante) – Saída para Pirineus, km 2, (62) 9413-9518.
Trapiche Benedictus - Av. Meia Lua, 145 - Vila Alto do Bonfim, (62) 3332-3475.
Sorvetes Naturais – Rua Nova, 16, (62) 3331-1327.
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